De há uns anos para cá o João deixou de trabalhar e passou a 'aproveitar' os dias sentado com outros senhores no largo da minha aldeia. Passar naquele largo é saber que eles lá vão estar sentados e que me vão dizer se posso andar à vontade ou se 'vêm carros de cima'. Adoro passar ao largo e abrir o vidro para gritar o meu 'bom dia', todos os dias lá estão eles para me dizerem bom dia e se posso andar à vontade. Acho que os posso considerar a todos amigos... Afinal a ausência deles incomoda-me! Se há um dia em que um deles não está lá, ou todos, fico preocupada e tento logo saber o que se passa...
O João ficou doente, o homem que era deixou de ser e cada vez se via menos do João e menos o João... Os amigos dele (e meus) começaram a nao estar tanto sentados no largo... Devem sentir falta do João... Vejo-os noutros sítios, sempre prontos a acenar para mim.
Todos os dias pergunto pelo João, já sem esperança mas com esperança...
Hoje não perguntei pelo João, hoje ligaram-me por causa do João... O João morreu...
(O cancro venceu-o)
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